sábado, 17 de outubro de 2009

TPM

"Ao menos a dor podia aliviar esse nó na garganta que só faz secar... qualquer resto que reste do resto de nós... e as lágrimas tantas não são pra regar. Nem palavras conseguem mais amenizar... e a saudade é capaz de me enlouquecer... alívio seria você se mudar de mim... assim eu morava em qualquer lugar.

Mas nada me suporta, ninguém me conforta, apenas teus braços me acolhem. Acalma então essa minha agonia que nesses dias só me distrai. Ainda posso te esperar, sim... a tua paz vai saber me encontrar. Nem palavras conseguem mais amenizar... e a saudade é capaz de me enlouquecer... alívio seria você se mudar de mim, assim eu morava em qualquer lugar..." ( Daniel Chaudon)


Eu? Como eu estou?
Bom... a vida está corrida e a cabeça está a mil.
Todas as manhãs três alarmes distintos me despertam, quase simultaneamente.
Um celular. Outro celular. A TV.
Acordo, enfim.

Metrô. Aula.
... ... ...
Metrô. Casa.
... ... ...
Ônibus. Ensaio.
... ... ...
Casa.

... trabalhotrabalhotrabalhotrabalho...

Ai, preciso malhar!

E o jornal pra ler?
E a roupa pra lavar?
E a comida pra fazer?
E o quarto pra arrumar?

Ainda tem as músicas pra estudar...
... o show pra produzir...
... as contas pra pagar.

Não sei mais o que é dormir.
Tô sem tempo de sonhar.

(e isso, de repente, pode ser até bom... houve um tempo em que eu sonhava casar no interior com um homem que, na verdade, nunca soube o que é o amor).

Eu? Como eu estou?
Bom... encontrei outros caminhos, conheci outras pessoas, renovei meus ciclos. Redescobri desejos. Me vejo mais bonita. Tenho outras questões.

Sou a feliz proprietária de um mundo completamente novo pra mim.
Feliz. Sim, eu estou feliz.

Chove lá fora e, neste exato momento, uma música me emociona. Ouço-a incessantemente e descubro que ouvi-la me fez voltar a escrever. Agradeço muito ao universo por ter colocado em meu caminho amigos tão queridos, sensíveis e talentosos.

Mas, de alguma forma, sinto em dias como esse o latejar de antigas cicatrizes. E vem a impaciência, a voz mais grave... o querer trucidar quem me machucou um dia. Viro praticamente uma "Beatrix Kiddo"( Uma Thurman em "Kill Bill", sabe?). E isso também se estende - em menor escala, é claro - aos que me dizem pra ter calma, que tudo vai passar. Que no futuro eu vou perceber que as marcas do atentado não estarão mais ali. É mentira, não é? Algumas marcas ficam pra sempre... mais cedo ou mais tarde elas acabam aparecendo, eu sei. Eu sinto.

É. Ainda tem o blog vazio...
(e o coração também).