terça-feira, 31 de março de 2009

OUTONO AUSTRAL...



" Há um lugar para ser feliz além de abril em Paris. Outono... outono no Rio..." (Ed Motta / Ronaldo Bastos)


A previsão ainda é de chuva... as águas que fecham o verão não se contentam mais com o mês de março: resolveram inundar o início de abril também.

Mas isso não tem importância. É OUTONO!

Há muitos anos descobri o prazer de celebrar as estações do ano, os solstícios e equinócios... a beleza de perceber os ciclos da natureza - e, com isso, os meus também. Mas como desde o fim de 2007 não parei por muito tempo num lugar só, meus ciclos acabaram se fundindo, tornando tudo um pouco confuso pra mim.

Três meses era meu limite de tempo em cada cidade... em cada país. Não, eu não estava fugindo de nada, nem de ninguém... talvez um pouco de mim mesma, mas isso não vem ao caso agora. Um dia escreverei um post inteiro sobre esse assunto.

Vamos ao que interessa: O OUTONO!

Esse equinócio, segundo a tradição pagã, é o momento de celebrar, agradecer, colher o que plantamos na primavera; momento de juntar forças e suprimentos para o inverno que virá a seguir; hora de aprender com as folhas que caem e sinalizam que mesmo que tenhamos que abrir mão de algumas coisas do passado, isso será extremamente necessário para adubarmos a vida, tornando nosso solo mais fértil.

Sair do verão, cair bruscamente no inverno e passar direto pra primavera, me fez esquecer completamente desse momento, ano passado. E pra falar a verdade, acho que só lembrei disso agora por uma razão: porque muito melhor do que o outono... é o OUTONO NO RIO!

... e não existe outro lugar em que eu quisesse estar tanto nesse momento.

Como já disse anteriormente, passei o verão em Salvador e retornei ao Rio no início do mês, animada com as possibilidades mas ainda sem saber se era aqui mesmo que eu queria estabelecer minha base.

O meu "dia do fico" foi determinado quando voltei a me apaixonar por essa cidade, ou seja, no momento em que reconheci que o céu azul estava com mais tons de magenta... a luz difusa do sol ( bem típica dessa época do ano) começava a atravessar a bruma que corta as montanhas ao redor desse vale mágico, no meio de uma tarde comum, favorecendo qualquer fotografia que meus olhos pudessem captar... enfim! Tenho uma sequência bem rica de detalhes, e já "salvei" na minha memória.

As garças em seus mergulhos na Lagoa Rodrigo de Freitas... o Corcovado sob as nuvens e o Cristo Redentor " flutuando" sobre ele... o contorno da luz no Morro Dois Irmãos e logo atrás, a Pedra da Gávea... ai, ai... qualquer engarrafamento fica mais suave nessa época do ano: a cidade toda está mais bonita!

Só lamento não poder me perder completamente nesses pensamentos, principalmente pelo fato disso aqui quase ter se transformado na "faixa de gaza" essa semana. É uma pena ter que estar sempre em estado de alerta, por não saber a causa real dos engarrafamentos. Por sorte, nesse dia, tudo o que atrapalhava o motorista carioca era um sinal quebrado numa das avenidas mais movimentadas da Zona Sul.

Ainda assim, a gente acaba administrando essas coisas de formas sábias - no mínimo consultando as atualizações do * G1 no Twitter * antes de sair de casa. Posso arriscar dizer que hoje me sinto a mais carioca das baianas e, por isso, sigo cantando: "... o Rio de Janeiro continua lindo... o Rio de Janeiro continua sendo o Rio de Janeiro, fevereiro e março..."

E que assim seja!

______________________________________________________________

* Twitter:
é uma rede social e servidor para microblogging que permite que os usuários enviem atualizações pessoais contendo apenas texto em menos de 140 caracteres.As atualizações são exibidas no perfil do usuário em tempo real e também enviadas a outros usuários que tenham assinado para recebê-las.

* G1: é um portal de notícias mantido pela Globo.com e sob orientação da Central Globo de Jornalismo.

* Sim... eu estou no Twitter e "sigo" o G1!

:)


quarta-feira, 25 de março de 2009

MIL´ÁGRIMAS...


" Não tire da minha mão esse copo, não pense em mim quando eu calo de dor... olha meus olhos repletos de ânsia e de amor. Não se perturbe nem fique à vontade, tira do corpo essa roupa e maldade... venha de manso ouvir o que eu tenho a contar. Não é muito nem pouco, eu diria. Não é pra rir mas nem sério seria. É só uma gota de sangue em forma verbal.

Deixa eu sentir muito além do ciúme, deixa eu beber teu perfume... embriagar!

A razão porque não volto atrás: quero você mais e mais que um dia.


Não tire da minha boca esse beijo. Nunca confunda carinho e desejo. Beba comigo a gota de sangue final." ( Angela Rô Rô)


Existe um segredo na caixa vermelha.
Cheiro de rosas. Pétalas secas.
Sal de mil´ágrimas.
Bordô em madeira de lei, guardando o toque da noite.
O tento: a fera que a estrela ilumina.
Sussurros em conchas no fundo do mar.

É meu o segredo da caixa vermelha.
Sons de trovões. Eco e Narciso.
Luz de mil´ágrimas.
O bobo em castelo sem rei, gerando o riso da noite.
O tempo: a espera do beijo e a neblina.
E bruxas gritando seu nome ao luar.

Jamais abrirei essa caixa vermelha!
Por todos os deuses do mundo
Por todo o amor mais profundo
Por tudo o que há de sagrado
Por tudo o que há de segredo.

Por você...
... e por mim também.

segunda-feira, 16 de março de 2009

CUMPLICIDADE...


"Abre os teus armários, eu estou a te esperar para ver deitar o sol sobre os teus braços castos. Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar e fazer do teu sorriso um abrigo.

Canta que é no canto que eu vou chegar...
canta o teu encanto que é pra me encantar... canta para mim, qualquer coisa assim sobre você!!! Que explique a minha paz... tristeza nunca mais!

Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão,
nessa espera o mundo gira em linhas tortas. Abre essa janela, a primavera quer entrar pra fazer da nossa voz uma só nota.

Canto que é de canto que eu vou chegar...
canto e toco um tanto que é pra te encantar... canto para mim qualquer coisa assim sobre você!!! Que explique a minha paz... tristeza nunca mais...!!!
" (Marcelo Camelo)

Hoje, madrugada cumum do ano presente.


Prezado viajante,

Venho através destas linhas frias trazer notícias um pouco mais quentes. Vou te contar uma história que ouvi recentemente de uma velha feiticeira que habita a minha vila. Por tratar-se de um caso verídico, peço sigilo absoluto sobre o ocorrido. Sei que entenderás.


"Uma mulher e um homem estavam a navegar por mares perigosos, sobreviveram às fortes tormentas e encontraram-se ao acaso, frente a frente, na calmaria de uma primavera.

Latitude e longitude inexistentes, desconheciam em que ponto daquele imenso oceano estavam. A única coisa que eles sabiam era sobre o domínio das próprias embarcações e, por isso, não se arriscavam. Permaneciam trancados com as mãos no próprio leme, fitando-se um ao outro através do vidro reforçado de suas cabines.

Com o passar dos dias, estabeleceram um tipo de comunicação bem particular, uma linguagem única, reconhecendo-se em pequenos gestos, olhares e sorrisos. Criaram novos códigos e assim conviviam, viciados em si mesmos.

E era o tempo passando - o calor do verão chegando.
E era fome. Era a sede. Era o medo dos tubarões que eles nunca tinham visto.

Decidiram, através de um simples olhar, que o melhor a ser feito seria tentar reencontrar o ponto de onde haviam partido, cada qual no seu barco, pois assim sobreviveriam.

Seguiram então, firmes suas rotas tortas... em direção às terras do nunca mais."


Aquela senhora ainda tinha um pouco mais a dizer.

Ao olhar as minhas mãos, falou que em meu caminho surgiria um menino a me chamar, um moço a me tocar e um homem a me olhar, como um felídeo mira a sua presa; que os três se fundiriam em um só, a virar um titã. Este, então, envolto numa bruma com aroma de menta, me embriagaria com as águas claras da Rússia.

Fiquei inicialmente assustada e ela, percebendo meu espanto, completou dizendo que eu não me preocupasse... disse que eu saberia colocar bem os pingos nos seus "is" e, por vezes, também o deixaria sem pernas e palavras. E que sendo assim, assistiríamos o sol nascer a partir das músicas que cantaríamos, boca-a-boca, libertando-nos de nossas próprias armaduras.

Meu caro... sei que ainda temos muitos mares a navegar, mas preciso te dizer uma coisa: sem reconhecer seu cheiro, a partir desse instante, EU ME PROÍBO DE SENTIR A SUA FALTA - e ao mesmo tempo, só desejo que essa distância jamais nos leve para as "terras do nunca mais".

Agora, ao te escrever, compartilho essas confidências e faço de ti meu cúmplice.

Um beijo meu.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O TEMPLO DE BASTET...




"Vamos começar
colocando um ponto final ( pelo menos já é um sinal de que tudo na vida tem fim).

Vamos acordar... hoje tem um sol diferente no céu, gargalhando no seu carrossel, gritando 'nada é tão triste assim!'...

É tudo novo de novo! Vamos nos jogar onde já caímos! Tudo novo de novo! Vamos mergulhar do alto onde subimos!!! Vamos celebrar nossa própria maneira de ser - essa luz que acabou de nascer quando aquela de trás apagou. E vamos terminar inventando uma nova canção, nem que seja uma outra versão pra tentar entender que acabou..."
( Moska)

"Era uma vez..." - não. A partir deste momento, começarei todas as minhas histórias pelo presente... ou como diria o sábio Anitelli: " de ontem em diante serei o que sou no instante agora". Por isso...

...É UMA VEZ!

É uma vez essa tempestade que invade a sala da nova casa. Logo vem a lua cheia no céu, exercendo sua força sobre as marés, os felinos e - como não poderia deixar de ser - sobre mim também.

Ciclos completos e intuição à flor da pele.
Cada vez mais atenta, sinto que estou no lugar certo... na hora certa. Clarividência. Coincidências.

Após três meses, numa terça-feira - 03/03/09 - às 3 da tarde, levanto um vôo bem alto. Algumas horas depois, a imagem de um homem no topo de uma montanha, a esperar por mim de braços abertos. Do aeroporto pra casa, os termômetros da cidade confirmam o calor 30°C. Ao parar, o taxista confirma o valor da corrida, com o desconto prometido pela empresa: " deu trinta e três e trinta e três, moça." ( R$ 33,33!!!!! Ainda bem que tenho uma amiga como testemunha...!)

Faço questão de entrar com o pé direito no meu novo lar... e sou imediatamente recebida pelos representantes de Bastet* nesse templo: Serafim, Dolores e Naomi. Sim... são três.

Tríades à parte, já
posso sentir que serei muito feliz enquanto estiver aqui. Começo a decifrar aos poucos o comportamento dos felinos: a inocência infantil do doce Serafim, o cio enlouquecedor da desconfiada Dolores e a frieza antipática da intocável Naomi. E observando-os, surpreendo-me ao realmente gostar dessa convivência diária.

De fato, me dou muito bem com animais. São sempre uma ótima companhia, mesmo que não entendam muito bem porque estão ali. Da falecida arara "Lala" de Friburgo aos olhos violetas da gata "Ingrid" da Rua dos Oitis. Do vira-lata "Bob" da minha infância à esquila "Maria" da terra do Tio Sam.


Nunca neguei minha preferência pelos cães... talvez por parecerem mais companheiros, menos "egoístas". Aprendem rápido e associam algumas palavras aos limites ou privilégios que eles possam vir a ter. Na verdade, acredito que eles possam suprir melhor a carência humana, qdo parecem retornar o amor que dedicamos ao cuidarmos deles.

Ao mesmo tempo, aprendi a respeitar e entender essa tal individualidade dos gatos.

Naomi, a gata negra, é anti-social ao extremo. Não deixa que ninguém a toque. Não pede carinho. Não mia ( ao menos, nunca vi). Então a deixo no canto dela. De vez em quando ela se aproxima e deita mais perto de mim. E hj ela ficou parada na porta da cozinha me olhando, até que entendi que o que ela queria era que eu servisse seu jantar. Hahahahaha... pois é... psicologia felina... rsrss!

Dolores, como eu disse anteriormente, está no cio. Enlouquecida, rola pelo chão... anda languidamente em direção ao Serafim, com um objetivo explícito em seu caminhar: acasalar. Simples assim. Daí, ela emite grunhidos estranhíssimos e de vez em quando surta, correndo de um lado pro outro da casa, aparentemente sem motivo algum. Tadinha da Dolores... ela só quer "dar" e ficar "de conchinha" depois... só que ela não entende "lhufas" do que tá sentindo!
Observando-a, divirto-me pensando que se o homem veio do macaco, a mulher é apenas uma "gata que pensa"... ( ok, ok... algumas não pensam, eu sei!) Haahahaha...!!! Ai, ai... como é bom ser humana nessas horas... ou não!!! rsrs...

E, por fim... Serafim! Uma criança... deve ter no máximo 5 ou 6 meses e não entende o que Dolores quer. Pra ele é tudo brincadeira. Só que de vez em quando, essa brincadeira fica séria... rsrss... então ele se assusta com a reação produzida pela mocinha "P&B" e fica parado, olhando pra ela, com uma cara de " o que foi que eu te fiz?". Hahahaha... será que daqui a dois meses teremos novos gatinhos por aqui? Esse futuro papai, o pequeno Serafim, é o mais companheiro dos três: me recebe com festa quando chego em casa, me segue, sobe no meu colo... e quando sento pra escrever de madrugada, ele monopoliza o teclado e toma o lugar do "mouse" na mesa.

Pois é... estar aqui, no "Templo de Bastet", me faz querer viver sob um céu mais azul e ter uma vida mais leve. Me faz pensar sobre quem sou eu... e estar mais atenta sobre quem eu quero que esteja ao meu lado enquanto construo meu caminho. Os pré-requisitos básicos para fazer parte dessa "lista vip" são: respeito, confiança e parceria. Ah! Tem que ter bom humor tb... pq " nem só de pão vive o homem", né?

Vou brincar, dançar, cantar... e fazer da minha vida um banquete para ser celebrado com amor, felicidade e prazer!!!!

Diariamente.

_______________________________

* PS: Bastet é a "Deusa gata" de Bubastis ( cidade do Delta do Nilo - Antigo Egito). Deusa da música e da dança, protetora dos gatos, guardiã das casas e defensora dos seus fihos.



terça-feira, 3 de março de 2009

TUDO NOVO DE NOVO



"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.


Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessario, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.


Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu pra viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?


Você pode passar muito tempo se perguntando porque isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na sua vida, serem subitamente transformadas em pó.


Mas tal atitude será um desgaste imenso pra todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.


Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.


Por isso é tão importante ( por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é manifestação do invisível, do que está acontecendo em nosso coração – e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará envenenando e nada mais.


Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data pra começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.


Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade ou soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era e transforme-se em quem é." ( Paulo Coelho)



Espero a chegada da nova era.   

Respiro... enfim.

Não quero mais aquela quimera.

Celebro... por mim.

Leveza. Alvorada. Desejo. Música. Encontro. Alívio. Espelho.

A nova casa. O novo quarto. De novo.

O amanhã a mim pertence... hoje.

Fidelidade. 

Felicidade.

Fim.