sexta-feira, 19 de junho de 2009

DESIDERO ERGO SUM...


"Colada à tua boca a minha desordem.

O meu vasto querer.

O incompossível se fazendo ordem.

Colada à tua boca, mas descomedida

Árdua

Construtor de ilusões examino-te sôfrega

Como se fosses morrer colado à minha boca.

Como se fosse nascer

E tu fosses o dia magnânimo

Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer." (Hilda Hilst)


Amanhece.

Beijo. Corpo. Doce. Essência. Fome.

Gosto. Homem. Ibero. Junto.

Língua. Mar. Nudez. Olhar. Perigo.

Quero. Risada. Suor. Tentação.

Unicidade. Varanda.

Xale...

... e Zíper.

domingo, 7 de junho de 2009

REALITY MODE: ON...





"I want you to know that I'm happy for you. I wish nothing but the best for you both.


An older version of me... is she perverted like me? Would she go down on you in a theater? Does she speak eloquently? And would she have your baby? I'm sure she'd make a really excellent mother...


'Cause the love that you gave, that we made, wasn't able to make it enough for you to be open wide, no... and every time you speak her name, does she know how you told me you'd hold me
until you died? 'Til you died? But you're still alive.

And I'm here to remind you of the mess you left when you went away.
It's not fair to deny me of the cross I bear that you gave to me. You, you, you oughta know!

You seem very well, things look peaceful.
I'm not quite as well, I thought you should know.


Did you forget about me, Mr. Duplicity?


I hate to bug you in the middle of dinner, but it was a slap in the face how quickly I was replaced.
And are you thinking of me when you fuck her?

(...)

'Cause the joke that you laid in the bed, that was me and I'm not going to fade as soon as you close your eyes... and you know it. And everytime I scratch my nails down someone else's back, I hope you feel it... well, can you feel it?
" (You Oughta Know - Alanis Morissette)


Há muitos e muitos anos, num reino distante daqui, uma menina andava pelas montanhas quando, de repente, montado em seu cavalo branco, um jovem apareceu oferecendo-lhe uma rosa.

Ele disse estar só de passagem, pois morava em outro reino... conversaram por horas a fio... olhando-a nos olhos, ele contou sobre suas aventuras e desventuras... e ao falar dos seus sentimentos, as palavras pareciam brotar do coração. E então, após um beijo demorado e doce, ele partiu.

" É um príncipe!", ela pensou.

A menina resolveu cultivar aquela flor em seu jardim, no vale em que morava. Plantou-a com todo cuidado e a regava diariamente, ao mesmo tempo em que ele enviava belas mensagens, cartas apaixonantes e pequenos presentes... e a cada dia mais envolvida, vivia o sonho de ser uma princesa também.

Para tornar isso tudo mais real, ela decidiu viajar deixando tudo pra trás, levando consigo apenas a rosa... mas pra isso teria que pedir permissão à corte. Aconteceu, então, o inesperado. Segundo as leis de seu reino, ela não poderia partir sem antes cumprir algumas tarefas importantes. E isso poderia levar mais tempo do que o previsto anteriormente.

O tempo? Foi passando... as mensagens dele já não chegavam com tanta frequência, as cartas já não eram embebidas em seu perfume e os presentes, inexistentes. Aos poucos ela descobriu que ele era um simples plebeu, cheio de defeitos, mas isso não tinha a menor importância. Mesmo a tratando estranhamente, oscilando entre a indiferença e a paixão, ele afirmava a querer perto dele. E ela, que também não era perfeita, queria apenas estar ao seu lado e sonhava em construir, tijolo por tijolo, um castelo pros dois. Estava tão determinada a cumprir seus deveres antes de partir, que não percebeu em que ponto tudo se perdeu... pois ele não soube esperá-la... e começou a distribuir rosas por todos os reinos em que passava.

De repente, a menina virou mulher. Acordou e estava assim: disposta a encarar a realidade dos fatos, cansada de se machucar à toa, certa do que queria fazer da vida. E deixou a rosa de lado, mas a regava aos poucos, caso o destino resolvesse diminuir as distâncias e comprovasse aquilo que ela, no fundo, ainda acreditava ser a verdade do seu coração.

Um belo dia, o jovem, numa de suas viagens, resolveu procurá-la. Encontraram-se.

Ele disse estar só de passagem, pois ainda morava em outro reino - apesar de não saber quanto tempo isso ainda duraria. Conversaram por horas a fio... olhando-a nos olhos, ele contou sobre seus medos e desejos... segurando suas mãos, ele disse que as outras rosas que distribuiu pelo caminho já não tinham a menor importância... e ao falar dos seus sentimentos, as palavras pareciam brotar do coração.

Então... amaram-se muito! Reconheceram seus cheiros, seus corpos, suas almas... e após um beijo demorado e doce, ele disse estar disposto a tornar esse amor possível. Pediu que o esperasse, pois
precisava partir para as montanhas, mas regressaria ao vale em breve.

Ela? Acreditou.

Três dias depois, ele voltou. Não a procurou. Ela então, imaginando que ele estivesse perdido, foi ao seu encontro.

Ao encontrá-lo, uma surpresa: em tão pouco tempo, ele já não era o mesmo. Sua alma não estava mais em seus olhos. E, friamente, ele disse que não a queria mais por perto.

Ela não entendia.

" Acontece", ele disse. Afirmou ter procurado pelo caminho uma princesa para a qual havia entregado uma de suas rosas... e que essa princesa o recebeu em seu castelo, sorrindo muito... e tinha até uma carruagem! Por isso, ele decidiu que se mudaria para o seu reino, pois queria mesmo era tornar a vida mais fácil, inventando uma nova paixão por alguém que já tinha o que ele tanto buscava na vida e que, ainda por cima, acreditava que ele era um príncipe.

Ela o deixou ir... não sem antes fazê-lo enxergar que, ao abandoná-la, estava jogando uma jóia rara num precipício sem fim. Com isso, lembrou que não era mais uma menina e sim, uma mulher cheia de planos e sonhos a realizar. Portanto buscou esquecê-lo, apagá-lo da sua vida.

E o plebeu virou sapo.