"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces, porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. (...)
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face, teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu porque eu fui o grande íntimo da noite.(...)
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos, mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas... serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."
( "Ausência" - Vinícius de Moraes)
Quando tudo era sépia, era inconstante.
Poema de Florbela Espanca cravado em meu peito.
Um amor a mentir, fugindo.
E o sol a se por. Todo dia.
Quando tudo era sépia, era esquecimento.
Céu de Londres no exílio do fundo do meu coração.
Via o sol a nascer, queimando.
E outro amor a chegar. Outro dia.
Quando tudo era sépia, era dor.
Canção de Maysa na rádio da minha cabeça.
O meu mundo a girar, caindo.
E eu crescendo a sofrer. Mais um dia.
Quando tudo era sépia, era antes.
Era ontem. Era.*
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* by me ( 2006)
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