terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Foto Antiga


"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces, porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. (...)

Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face, teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu porque eu fui o grande íntimo da noite.(...)

Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos, mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas... serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."

( "Ausência" - Vinícius de Moraes)



Quando tudo era sépia, era inconstante.

Poema de Florbela Espanca cravado em meu peito.

Um amor a mentir, fugindo.

E o sol a se por. Todo dia.


Quando tudo era sépia, era esquecimento.

Céu de Londres no exílio do fundo do meu coração.

Via o sol a nascer, queimando.

E outro amor a chegar. Outro dia.


Quando tudo era sépia, era dor.

Canção de Maysa na rádio da minha cabeça.

O meu mundo a girar, caindo.

E eu crescendo a sofrer. Mais um dia.


Quando tudo era sépia, era antes.

Era ontem. Era.*

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* by me ( 2006)



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