E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar... com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar! Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar e cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar!!!
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou... e foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou... e foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais... que o mundo compreendeu e o dia amanheceu em paz." (Chico Buarque - Valsinha)
Ela é de um tempo que não este agora. Vem de um passado remoto e o oposto é o que a atrai. Dentro dos seus corpetes, vagueia por entre olhares - milhares! - em busca do tremor involuntário... e dos muitos segundos contados até o primeiro toque.
" Mão fria, coração quente" - ele disse.
Ela acreditou.
Ele soube segurá-la. Ela buscou aquecê-lo.
Descobriram-se confortados em suas solidões.
Aos poucos, ela percebeu que as horas após o encontro não careciam de conta alguma... assim viraram meses... e era o prazer. Era o sorriso. Era a transparência da clareza do que sentia. Conheceu, por fim, aquele tal de " Cupido", sobre o qual tantos poetas já haviam falado.
E juntos criaram um novo vocabulário e inventaram novas canções, novos passos e uma nova dança. Decoraram a sala imaginária, com pilastras pintadas pelos dois. Escolheram desde a louça do banheiro até o nome que dariam aos filhos. Sonharam datas.
Com mãos e pés mais aquecidos, ele se sentiu seguro para partir, esfriando aos poucos o coração. O dele.
Ela mantinha o seu coração guardado dentro de um vulcão ainda ativo, enquanto seus pés congelavam. Os dela.
O tempo passou. O calendário mudou.
Ele quebrou as taças usadas pelos dois. Ela se cortou. Ele buscou novas musas. Ela, ainda ferida, reaqueceu os próprios pés e buscou novos tremores.
Sem saber, buscavam-se.
O mundo girava cada vez mais rápido.
Ele ficou tonto com as voltas que o mundo deu e pensou em regressar, tendo o coração ainda gélido, porém novamente pulsante, nas mãos. Estava confuso, pois seus pés esfriavam a cada dia... e ainda não havia escolhido o local exato para deixar o coração bater livremente.
Ela estava satisfeita com as voltas que dava no mundo... e queria mais. Desejava viver o roteiro de um romance com "final feliz" (desses que depois de muito sofrimento o mocinho percebe que não pode viver sem a mocinha e decide atravessar oceanos, vales e montanhas só para beijá-la e dizer que o "pra sempre" é feito de "agoras").
Mas ela sabia - e ele também - que a vida não é um comercial de margarina.
Ele ouviu as batidas do relógio e tomou seu chá.
Ela ouviu o apito do trem e apertou seu espartilho.
E um dia, sem mais pensar... sem pesar... o início aconteceu.
" Mão fria, coração quente" - ele disse.
Ela acreditou.
Ele soube segurá-la. Ela buscou aquecê-lo.
Descobriram-se confortados em suas solidões.
Aos poucos, ela percebeu que as horas após o encontro não careciam de conta alguma... assim viraram meses... e era o prazer. Era o sorriso. Era a transparência da clareza do que sentia. Conheceu, por fim, aquele tal de " Cupido", sobre o qual tantos poetas já haviam falado.
E juntos criaram um novo vocabulário e inventaram novas canções, novos passos e uma nova dança. Decoraram a sala imaginária, com pilastras pintadas pelos dois. Escolheram desde a louça do banheiro até o nome que dariam aos filhos. Sonharam datas.
Com mãos e pés mais aquecidos, ele se sentiu seguro para partir, esfriando aos poucos o coração. O dele.
Ela mantinha o seu coração guardado dentro de um vulcão ainda ativo, enquanto seus pés congelavam. Os dela.
O tempo passou. O calendário mudou.
Ele quebrou as taças usadas pelos dois. Ela se cortou. Ele buscou novas musas. Ela, ainda ferida, reaqueceu os próprios pés e buscou novos tremores.
Sem saber, buscavam-se.
O mundo girava cada vez mais rápido.
Ele ficou tonto com as voltas que o mundo deu e pensou em regressar, tendo o coração ainda gélido, porém novamente pulsante, nas mãos. Estava confuso, pois seus pés esfriavam a cada dia... e ainda não havia escolhido o local exato para deixar o coração bater livremente.
Ela estava satisfeita com as voltas que dava no mundo... e queria mais. Desejava viver o roteiro de um romance com "final feliz" (desses que depois de muito sofrimento o mocinho percebe que não pode viver sem a mocinha e decide atravessar oceanos, vales e montanhas só para beijá-la e dizer que o "pra sempre" é feito de "agoras").
Mas ela sabia - e ele também - que a vida não é um comercial de margarina.
Ele ouviu as batidas do relógio e tomou seu chá.
Ela ouviu o apito do trem e apertou seu espartilho.
E um dia, sem mais pensar... sem pesar... o início aconteceu.
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